Reserva do Pacers se transforma em sensação dos playoffs com atuações decisivas e rouba os holofotes mesmo sem ser estrela
Logo após o fim do Jogo 6 das Finais da NBA — vitória do Indiana Pacers por 108 a 91 sobre o Oklahoma City Thunder — Tyrese Haliburton foi direto: ao ser questionado por Lisa Salters, da ESPN, sobre o impacto de T.J. McConnell na partida, o armador titular ficou quase sem palavras.
Tudo o que Haliburton conseguiu dizer num primeiro momento foi um simples: “inacreditável.” E com razão: McConnell saiu do banco para registrar 12 pontos, 9 rebotes, 6 assistências e 4 roubos de bola em apenas 24 minutos.
Depois, Haliburton achou uma frase ainda mais emblemática. Chamou McConnell de “a grande esperança branca” de Indiana — um apelido polêmico que já esteve ligado a Larry Bird, e que mostra o impacto emocional do veterano no elenco.
Ele não é estrela, mas tem jogado como tal
T.J. McConnell, 33 anos, 1,85m e não-draftado, pode até não chamar atenção nas estatísticas tradicionais ou nos rankings de fantasy. Mas quem acompanha os Pacers sabe que ele é muito mais do que um simples “reserva confiável”.
No Jogo 6, McConnell fez menos pontos do que outros quatro jogadores do elenco (incluindo o também reserva Obi Toppin), mas foi o nome mais comentado após o confronto. E não foi por acaso.
Desde que chegou aos Pacers, em 2019, ele tem sido aquele cara que muda o ritmo do jogo, empurra o time na defesa e cria oportunidades onde poucos veem. E nessa série contra o Thunder, seu impacto foi ainda maior.
Contra a pressão, ele cresce
Enquanto nomes como Haliburton, Andrew Nembhard e até Pascal Siakam sentiram a pressão da defesa sufocante de Luguentz Dort, Jalen Williams e Alex Caruso, McConnell parece se alimentar disso.
Cada marcação agressiva vira combustível. Para ele, uma mão no quadril ou um empurrão sutil é quase como um convite para brigar pela bola. Ele não só resiste à pressão — ele cresce com ela.
O Thunder, que conseguiu complicar até Anthony Edwards e Nikola Jokić nos playoffs, não conseguiu parar o baixinho. Até aqui nas Finais, McConnell tem média de 20,3 pontos e 8 assistências por 75 posses, com 53,7% de aproveitamento nos arremessos — atrás apenas de Siakam em pontuação nos Pacers.
Uma carreira construída no detalhe
Quem vê McConnell brilhar agora pode achar que é uma fase, uma “zebra”. Mas essa história vem sendo construída há anos. Nos últimos três anos, ele teve médias de 9,3 pontos, 5,1 assistências e 2,7 rebotes em apenas 18,8 minutos por jogo, com 38,8% de aproveitamento nas bolas de três.
Mesmo sendo um reserva quase fixo (só 11 jogos como titular em 225 disputados desde 2022), ele é um dos jogadores com mais impacto positivo vindo do banco em toda a NBA. De acordo com o Bleacher Report, só Payton Pritchard teve mais vitórias estimadas (wins over replacement) jogando tão pouco como titular.
Inteligência, energia e impacto
McConnell é o tipo de jogador que não impressiona pelo físico, mas sim pela leitura de jogo, intensidade e consistência defensiva. Ele é eficiente no ataque de meia distância, sabe encontrar ângulos improváveis para passes, e mesmo sendo menor do que a maioria dos adversários, sempre encontra um jeito de impactar na defesa.
Não à toa, ele é um dos poucos da história da NBA com sete temporadas com 30% ou mais de assistências e eficiência defensiva acima da média — um feito raro até entre os melhores armadores.
Um herói improvável nas Finais
Se o Indiana Pacers vencer o Jogo 7 e for campeão, a campanha de McConnell vai entrar para a história como uma das melhores de um reserva em playoffs na era moderna da NBA.
E mesmo que o favorito Thunder leve a melhor, o que T.J. McConnell fez não será esquecido tão cedo. Em uma liga dominada por superestrelas e atletas explosivos, é um veterano de 10 anos, sem glamour, quem está roubando os holofotes.
