Em meio à pressão de estar perdendo por 2 a 0 na série contra o New York Knicks, o Boston Celtics mostrou força mental e respondeu com autoridade no Jogo 3, vencendo por 115 a 93 no Madison Square Garden. E quem roubou a cena foi Payton Pritchard, com uma atuação que foi muito além de seus arremessos de longa distância.
Espírito de resiliência: Celtics transformam pressão em motivação
O técnico Joe Mazzulla, conhecido por sua abordagem nada convencional (ele já mostrou vídeos de hienas e orcas caçando para inspirar o time), afirmou que os dias antes do Jogo 3 não foram difíceis. “Essa é a parte divertida. Não entramos nessa jornada para que fosse fácil. Está sendo sombrio, mas no bom sentido”, disse Mazzulla. “Você precisa acessar esse lado sombrio dentro de si.”
Já Pritchard adotou um tom mais leve: “Assistimos algumas jogadas que podíamos melhorar, mas o foco foi manter a confiança e simplesmente arremessar. Sem pensar duas vezes.”
Mão calibrada: Celtics acertam 50% nas bolas de 3
Depois de um fraco aproveitamento de 25% nas bolas de três (10/40) no Jogo 2, os Celtics encontraram o ritmo perfeito no Jogo 3: 20/40, um salto impressionante. E ninguém representou melhor essa mudança do que Pritchard, que terminou com 23 pontos, 8/16 nos arremessos e 5/10 nas bolas de 3 em 35 minutos em quadra.
Mesmo errando o primeiro arremesso — uma tentativa rápida em transição sobre Jalen Brunson — Pritchard se reencontrou rapidamente. Pouco depois, apareceu livre após sair de dois bloqueios e matou uma bola de 3 da zona morta, ampliando a vantagem para 32 a 16 no primeiro quarto.
Controle do jogo e leitura perfeita de momentos-chave
Após os colapsos no fim dos dois primeiros jogos, Mazzulla enfatizou que o time precisava controlar os momentos decisivos e cuidar melhor da bola. A resposta foi clara: apenas três turnovers em jogadas vivas (um de Brown e dois de Jrue Holiday).
No fim do primeiro quarto, Pritchard percorreu quase a quadra toda e acertou um arremesso de média distância no estouro do cronômetro — jogada que manteve o embalo dos Celtics.
Pritchard faz de tudo: infiltrações, assistências e jogadas individuais
Mesmo com Jayson Tatum e Jaylen Brown longe de suas melhores noites ofensivas, Pritchard assumiu a responsabilidade. No segundo quarto, atacou Brunson, atraiu a marcação e serviu Brown para um chute de 3 livre. No terceiro, humilhou Mitchell Robinson com um drible seco e matou mais uma de 3. Depois, partiu pra cima de Miles McBride e finalizou com uma bandeja reversa digna de destaque.
Jaylen Brown elogiou: “O Payton foi enorme. Os Knicks são físicos, têm defensores grandes, então é preciso inteligência para fazer os passes e tomar as decisões certas. Ele fez isso com excelência.”
Pritchard destacou sua mentalidade agressiva: “Toda vez que der, ataco o garrafão, mas sempre com o radar ligado na linha de três.”
E agora? Pritchard merece mais minutos?
A atuação do armador desafia a escolha de Mazzulla no Jogo 2, quando ele não estava em quadra nos momentos decisivos. Agora, a questão é: Pritchard deveria ter mais minutos daqui pra frente? Se o técnico busca ritmo, espaçamento e menos erros, a resposta parece clara.
Claro que os números de arremesso chamam atenção, mas como o próprio Mazzulla disse, o que realmente fez a diferença foi a postura coletiva: “Jogamos de forma mais limpa e inteligente.” Ainda há problemas no ataque contra trocas defensivas, com posses que acabam em isolations travadas de Tatum e Brown, mas a evolução foi visível.
Visão crítica: ainda há pontos a ajustar
O copo meio vazio? Boston ainda depende demais de atuações inspiradas como a de Pritchard, a defesa dos pivôs Al Horford e Kristaps Porziņģis, e a inconsistência do ataque dos Knicks. Tatum e Brown, até agora, não mostraram todo seu potencial ofensivo na série.
Mas é inegável que, tirando os apagões dos Jogos 1 e 2, os Celtics foram amplamente superiores. Vencer por 22 pontos fora de casa, mesmo com seus astros abaixo da média, é um sinal claro de força.